quinta-feira, setembro 30, 2004

Ano Um / Número 19

--------- «(.)(.)» ---------
Tábua de Matérias

§ 1. Sumaríssimo.
§ 2. Dito e Feito, por A.H.
§ 3. L’ Étranger, por Baudelaire.
§ 3a. O Estrangeiro, por P.D.
§ 4. PAM XIX: Natália Correia.
§ 5. A Explicação das Pássaras, por P.D.
§. 6. De Saída: Número 20 (agora, só daqui as duas Quintas!).

--------- «(.)(.)» ---------

§ 1. Sumaríssimo.



Hermes.


Este é um número estranho. Por isso…

Admirem-se!


--------- «(.)(.)» ---------

§ 2. Dito e Feito, por A.H.


Estou mesmo atrasado, f...-se! Estranho...

(…)

Não há paciência - apesar de/sobretudo por não ser uma grande virtude. Certamente que está neste momento preciso Outra vez a vestir-se ainda, sempre a mudar de visual ao longo das horas-putas… maybe prior to calçar as meias de rede... Só phode, klaro. E pouco mais.
Não, desta vez, para variar. Está simplesmente a reler o reconhecido fodilhão do Carl Jung, uma porra de "prólogo", em Memories, Dreams, Reflexions, em vez de escrever.
«A vida sempre me pareceu uma planta que vive no seu rizoma. A sua verdadeira vida é invisível, escondida no rizoma. A parte que surge acima do solo dura apenas um único verão. Depois murcha - uma aparição efémera. Quando pensamos no infinito crescimento e declínio da vida e das civilizações, não podemos escapar à impressão de absoluta nulidade. Todavia nunca perdi um sentido de algo que vive e sofre [dura] debaixo do eterno fluxo. Aquilo que vemos é o desabrochar [a flor], que passa. O rizoma permanece.»
O dissoluto de um corisco!
Dito e feito?, lembra-se, ainda a tempo. Nunca escolheria um título destes. Disso tinha a certeza. Lord assenta-lhe muito melhor, que nem uma luva de pele macia e sobretudo virginal, feita por medida, por assim dizer... Ou, então, simplesmente Flânneur... À falta de melhor conseguimento.
O que há a Dizer? É estranho falar nisso quando passamos o tempo a exigir-nos o silêncio acerca do divino, da doçura da sua possibilidade.
Feito? É o factum, o morto. Ou, teria de ser, má poesia. Original.
Já volto...


A.H.

--------- «(.)(.)» ---------

§ 3. L’ Étranger, por Charles Baudelaire.


Baudelaire, Charles.


L’ ÉTRANGER

«Qui aimes-tu le mieux, homme énigmatique, dis?
ton père, ta mère, ta soeur ou ton frère?
- Je n’ai ni père, ni mère, ni soeur, ni frère.
- Tes amis?
- Vous vous servez là d’une parole dont le sens
m’est resté jusqu’à ce jour inconnu.
- Ta patrie?
- J’ignore sur quelle latitude elle est située.
- La beauté?
- Je l’aimerais volontiers, déesse et immortelle.
- L’or?
- Je le hais comme vous haïssez Dieu.
- Eh! Qu’aimes tu donc, extraordinaire étranger.
- J’aime les nuages… les nuages qui passent…
là-bas… làs bas… les merveilleux nuages!»


Charles Baudelaire, Oeuvres Complètes, Bibliotèque de la Plêiade, Gallimard, Paris, 1975.

--------- «(.)(.)» ---------

§ 3a. O Estrangeiro, por P.D.


O Estrangeiro


«O que amas, enigmático homem?
Diz-me, o teu pai, a tua mãe, a tua irmã ou o teu irmão?
– Não tenho pai, nem mãe, nem irmão, nem irmã.
– Os teus amigos?
– Usa uma palavra cujo sentido nunca conheci.
– A tua pátria?
– Ignoro onde seja.
– A beleza?
– Com prazer a amaria, divina e imortal.
– O ouro?
– Odeio-o tanto quanto odeia Deus.
– Mas afinal o que amas, estranho estrangeiro?
– Amo as nuvens… as nuvens que passam…
esta, aquela.... as amáveis nuvens...»

--------- «(.)(.)» ---------

§ 4. PAM XIX – Natália Correia.


Natália Correia.


--------- «(.)(.)» ---------

§ 5. A Explicação das Pássaras, por P.D.


Intermezzo quântico (as pássaras no poleiro incerto)


Inge, Max e Laura fodiam como estranhos… sempre de costas voltadas.
As afinidades? Sexo e tédio, o amor aborrecido suspeitado por Inge ou repetido por Laura. E Max goza antes de dormir e ao despertar das frequentes sestas invariavelmente curtas que sonha dentro da caixa da razão suspensa.

Todos em certeza ausente, gemem na exclusão exaustiva dos possíveis preteridos. Se para nada é preciso dizer alguma coisa, pelo menos que se venham em gritos francos.

Pensamento único: tudo se diz, tudo se resolve, de maneira simples, racional e naturalmente errada.

Uma verdade: Deus só não acaba imediatamente com toda a gente deste mundo porque depois ficaria sem nada para fazer. Entre a morte e o tédio, que se foda... basta umas belas pernas!


P.D.

--------- «(.)(.)» ---------

§ 6. De Saída: Número 20 (agora, só daqui a duas Quintas!)…